Mãos!
Mãos estendidas
Trêmulas de fome
Olhos esbugalhados
A dor o consome
Tristeza no coração
Por tanta humilhação
Já nem parece gente
Em tal condição
As roupas em farrapos
Um trapo
Nos, pés nem sandálias
Só feridas expostas
O olhar me embaralha
Fico paralisada
Querendo fugir, correr
Mas o coração bate forte
É o meu irmão não posso crer
Penso nele pequeno
Que lindo bebê
Saudável e limpinho
A mãe o acolheu, podes crer
Mas a vida é cruel
O pai morreu tão cedo
A mãe trabalhando muito
Ele tinha tanto medo
Amigos ele procurou e encontrou
Pessoas que o seu bem não queria
Eram outros largados na vida
Que também o que fazer não sabiam
Drogas, sexo, malandragem
Cadeia, surras, ódios e revolta
Cabeça girando, vingança esperando
Para quando estivesse de volta
Perdeu tudo o que não tinha
Ninguém teve compaixão
Tinham coisas sérias a tratar
Desvio de verbas, corrupção, mensalão
Olhando o mundo de hoje
Vejo tantas mãos estendidas
Nos hospitais nas ruas
Albergues e asilos
gritando pedindo vida
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