quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mãos

Mãos!

Mãos estendidas
Trêmulas de fome
Olhos esbugalhados
A dor o consome

Tristeza no coração
Por tanta humilhação
Já nem parece gente
Em tal condição

As roupas em farrapos
Um trapo
Nos, pés nem sandálias
Só feridas expostas
O olhar me embaralha

Fico paralisada
Querendo fugir, correr
Mas o coração bate forte
É o meu irmão não posso crer

Penso nele pequeno
Que lindo bebê
Saudável e limpinho
A mãe o acolheu, podes crer

Mas a vida é cruel
O pai morreu tão cedo
A mãe trabalhando muito
Ele tinha tanto medo

Amigos ele procurou e encontrou
Pessoas que o seu bem não queria
Eram outros largados na vida
Que também o que fazer não sabiam

Drogas, sexo, malandragem
Cadeia, surras, ódios e revolta
Cabeça girando, vingança esperando
Para quando estivesse de volta

Perdeu tudo o que não tinha
Ninguém teve compaixão
Tinham coisas sérias a tratar
Desvio de verbas, corrupção, mensalão

Olhando o mundo de hoje
Vejo tantas mãos estendidas
Nos hospitais nas ruas
Albergues e asilos
gritando pedindo vida

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